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Viver em outros países – até por questão de sobrevivência – aguça os nossos sentidos em dedicar-lhes a análise e compreensão da dinâmica social que os caracteriza. Assim, podemos extrair criticamente aquilo que melhor nos propicie a empatia, adaptação e inserção cultural. Os locais onde estive, sobretudo na Europa, pude esquadrinhá-los em suas peculiaridades histórico-geográficas, vieses políticos e participar do caldeirão multiétnico, sempre em circulação. Penso que seja isso a vivência cidadã.
A considerar que o site não foi pensado como vitrine para prestação de serviços referentes à cidadania italiana, mas com o fim de compartilhar experiências, dedico este espaço para narrar andanças, causos pitorescos, perrengues, coisa séria, aventuras de bicicleta e tudo mais que cabe no balaio desse mundão de Deus…
Divirtam-se!
15. O estouro da boiada rumo ao Mark Knopfler
Eu estava extasiada com Speedway at Nazareth. O Mark Knopfler e o Danny Cummings foram exímios no solo. Por alguns instantes fiquei meio fora do ar. Uma luz fraca e azulada se fez no palco. Ao reconhecer Brothers In Arms, refestelei-me especialmente para degustar a letra e a melodia do acordeon que acompanha a canção por todo o tempo. Um vento inesperado soprou no meu lado esquerdo. Olhei para o lado e vi um cinquentão correndo lá para frente. De repente surgiu o estouro da boiada. Nem tive…
14. Dentre carreira solo e Dire Straits, o gelo europeu se derrete sob o efeito Knopfler
Curioso era ver o contraste entre a superbanda do Mark Knopfler e o palco de fundo preto, com a sigla do festival em branco, iluminação básica e sem qualquer recurso de telão. Eu pensava se um palco entupido de recursos tecnológicos abrilhantaria ou ofuscaria a consonância de músicos tão talentosos. Isso é algo que deve ser bem planejado, pois pode levar a efeitos indesejáveis. Funciona bem no intuito de veicular a mensagem político humanitária do U2. Funciona mal no intuito de disfarçar a música sofrível do Iron Maiden: entra…
13. Para quem curte Mark knopfler e Dire Straits, a resenha do Get Lucky Tour em Milão
Era o prelúdio de Border Reiver. Logo viria o violão country e a bateria que acelera a pegada da música. Finalmente, o Mark Knopfler. Enxuguei as lágrimas, afastei os pensamentos sobre os percalços com a cidadania italiana, despreguei os olhos do muro do Arena Civica, ajeitei o meu corpo na cadeira e olhei para o palco. É muito estranha a emoção que nos toma de assalto. Lembro-me de tentar concentrar na canção, porém eu permanecia atônita. Eu me recordo de apenas alguns momentos de Border Reiver e What It…
12. Speedway at Nazareth trouxe o Mark Knopfler e me compeliu a comprar uma bateria
Eu vim efetivamente a “conhecer” o Mark Knopfler em 2007 num papo via msn. Na ocasião, eu participava de um grupo do orkut que tinha a música como pauta. Numa conversa com um dos membros, ele me perguntou sobre o que me chamava a atenção no instrumental de uma canção. Como fazia pouco tempo que eu tinha vivido a emoção de tocar bateria pela primeira vez, respondi que um solo bem casado de guitarra com bateria fazia diferença numa canção. Ele, argumentando que eu iria adorar, me enviou um…
11. No Parque Sempione, meu flashback com o Dire Straits
No hotel, meu frio na barriga me impedia de comer o suficiente. Por mais que eu soubesse que meu corpo não estava bem nutrido, minha ansiedade me tirava o apetite. Fui até a varanda. O sol milanês ainda estava alto, porém o brilho incandescente já cedia lugar ao tom dourado e reconfortante de um final de tarde. A frisa estava fresca e aliciante. Cedi aos seus encantos e sentei-me. Depois de nem sei quanto tempo, retornei ao quarto para me preparar para retornar ao Parque Sempione. No banho, deixei a…
10. No centro histórico de Milão também paga-se caro num coliform´s qualquer
Havia um pessoal cuidando dos preparativos do festival. Não seria somente o Mark Knopfler a tocar. Todos me olhavam com cara de dúvida, pois era óbvio que eu não deveria estar ali. Como ninguém tinha noção do que aquilo significava para mim, ignorei-os solenemente e fui andando por entre as cadeiras para me certificar do meu lugar. Ali estava: cadeira 8, fila 19. Levantei meu olhar rumo ao palco. Lugar central e próximo a ele. Ao esquadrinhar a parafernália espalhada pelo palco, chamou-me a atenção o que me fez caminhar…
9. Em Milão, o J.R.R.Tolkien me salva da investida senegalesa
Essa passagem com o senegalês me fez lembrar da “Filosofia da Tosqueira”, ligeira bobagem da nossa galera de faculdade em zoar comentários enviesados. A situação, um tanto cômica, me remeteu a um lado sério que me deixou resoluta em não lhe dar dinheiro ou sair por baixo dessa mini guerra fria. Apesar da marginalização dos senegaleses (e tantos outros) advinda da problemática da imigração, a atitude de amarrar pulseiras no punho das pessoas num momento de distração e sem qualquer consentimento delas como meio de ganhar dinheiro não é…
8. O chique e o brega-chique de Milão
Acordei às 7h com uma indescritível sensação de bem-estar. Vesti uma roupa leve e fui tomar a prima colazione. Milão fazia soprar uma brisa fresca e convidativa na varanda. Sentei-me à mesa e servi os incomparáveis laticínios e cappuccino italiano. Munida do mapa e câmera fotográfica, fui conhecer o centro histórico da cidade e descobrir onde seria o local do show. Como o Mark Knopfler era prioridade, guiei-me pela máxima de que “a menor distância entre dois pontos é uma reta” e procurei algo semelhante a isso no mapa. No…
7. Em Milão, os micos de quem chega a outro país
Agora sim, munida do mapa e sentada catinguda de suor em cima da bagagem, saquei a câmera para contemplar e flagrar o Duomo de Milão. Seus 45 metros de arquitetura gótica realmente é uma dádiva! Como o hotel era perto e eu não estava com paciência para subir aquele trambolho num transporte coletivo cheio de gente, resolvi arrastá-lo mais um pouco. No meio do caminho, vi que um motorista de bondinho largou uma mulher para trás e que ela praguejou qualquer coisa que eu não entendi. Eu a…
6. Primeiro “ciao”!
Finalmente, depois de tanto perrengue, a Itália. O calor seco que castigava o entorno do aeroporto de Malpensa, em Milão, não me impediu de dedicar breves instantes à imensidão de planície que me dava as boas-vindas. Foi quando o simpático motorista do Shuttle, provavelmente tendo observado meu sorrisinho de satisfação, se aproximou e disse solícito: “Andiamo a conoscere la bella Milano, cara signorina?” O sorrisinho se escancarou ante o meu primeiro contato com a língua italiana! Dentro do ônibus, eu observava a capital da moda. A arquitetura dos prédios…