6. Primeiro “ciao”!

27 de abril de 2016 Paula Esposito

Finalmente, depois de tanto perrengue, a Itália. O calor seco que castigava o entorno do aeroporto de Malpensa, em Milão, não me impediu de dedicar breves instantes à imensidão de planície que me dava as boas-vindas. Foi quando o simpático motorista do Shuttle, provavelmente tendo observado meu sorrisinho de satisfação, se aproximou e disse solícito: “Andiamo a conoscere la bella Milano, cara signorina?” O sorrisinho se escancarou ante o meu primeiro contato com a língua italiana!

 

Dentro do ônibus, eu observava a capital da moda. A arquitetura dos prédios e os bondinhos entrecortando as ruas e arcos lembrou-me o centro histórico do Rio de Janeiro, com a diferença que na cidade italiana, o trânsito estava melhor transitável e não havia lixo ou tantas pichações.

A Stazione Centrale tem a arquitetura linda e gente de todo jeito; uma imensa Torre de Babel! No entanto, achei um crime pendurarem banners publicitários nos imensos portais, pois resulta numa incômoda poluição visual que ofusca os bonitos mosaicos localizados acima deles.

 

Estação Central de Milão - Mosaicos (Itália)

Os imensos portais da Estação Central de Milão são ornamentados com lindos mosaicos.

 

No último piso, todos aqueles trens que partem para outras cidades e países. Se não fosse o show do Mark Knopfler, bem que eu iria embarcar em um para apear lá em Veneza. Desci para o subterrâneo, de onde segue o metrô que corta a cidade. Na saída do metrê, um amadorismo administrativo. Não há escadas rolantes ou esteiras de acesso à rua. Numa cidade que se entope de turistas e suas respectivas malas, fica realmente incômodo fazer uma escalada.

 

Os vieses do turismo

Naquele calor abafado, com o auxílio do meu saco de viagem, comecei minha sessão de ginástica. No meio da escada parei para enxugar o suor do buço e olhei os transeuntes que subiam e desciam. Lembrei-me de um comentário que a Marina havia feito sobre o fato de os europeus não oferecerem ajuda para carregar volumes, fosse num ônibus cheio ou numa escada de metrô. Eis a minha constatação de que a famosa educação europeia tem abrangência mitigada.

Quando faltavam três degraus para eu chegar ao topo apareceu um africano e me ajudou. Mal tive tempo de perceber o Duomo, imenso e imponente bem à minha frente, pois ele laçou o meu braço e amarrou uma pulserinha colorida. Ele se apresentou oriundo do Senegal e começou a tagarelar seu vasto repertório sobre o Robinho, Ronaldinho Gaúcho e Kaká. Eu sorri aérea e meio desfalecida, pois, na noite anterior à viagem, eu a passei em claro desmontando minha bateria e retirando os pôsteres decorativos da parede do meu cafofo musical. Eu realmente estava anormalmente cansada.

Acho que ele notou que eu estava meio fora da órbita, de modo a se despedir e seguir seu caminho. Fui arrastando a mala até o balcão de informações turísticas. Lá peguei a arma indispensável ao turista solitário: um mapa!

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