Na conexão feita no aeroporto Charles de Gaulle, a interessante arquitetura foi duramente ofuscada pela famosa arrogância dos parisienses. Talvez por ironia do destino, eu peguei justamente os ditos “filhos de imigrantes” pelos corredores: um oriental na imigração e um africano na alfândega.
É impressionante como eles não fazem questão alguma de falar qualquer outro idioma que não seja o francês. Percebe-se claramente que eles entendem e sabem falar inglês, porém insistem neste bairrismo idiota. É óbvio que eles não são obrigados a falar outra língua dentro do próprio país ou assimilar estrangeirismos. Por outro lado, dentro de um aeroporto internacional é questão de bom senso; principalmente diante de uma imensa fila de estrangeiros.
Talvez pelo fato de a maioria dos estrangeiros ali presentes não terem o fenótipo baby jonhson fez com que os parisienses tratassem como iguais os turistas que enchem o país de dinheiro e os imigrantes intencionados em se estabelecerem ilegalmente na França. Isso é um assunto demasiado melindroso para ser encarado pelos funcionários do aeroporto apenas com cara de preguiça e um francês arrastado entre os dentes.
Sendo assim, na fila alfândega fiz a minha boa ação do dia: aliviei dezenas de pessoas assustadas dizendo que o tal “retirez l´ordinateur!” incessantemente gritado pelo fiscal significava tirar o internacional “computer” de dentro da bagagem de mão. Também fomos submetidos a um pente-fino mais seletivo. Tivemos que tirar os sapatos e colocar um plástico nos pés.
E dá-lhe fila encalhada.
Adriana Martins Esposito Gordon
Eu tenho um triste relato, em minha primeira e tão espera ida ao continente Europeu. Enfim pisando na Itália, de onde meus bisavós migraram para o Brasil.
Meu esposo apesar de cidadão espanhol, por não ser de pele tão clara como a minha, muitas vezes igonorado em Roma e todos se dirigiam a mim. Inclusive as contas eram entregues para mim. Seria a cultura? Fiquei espantada e deixava passar…
Até que no vôo Roma x Ibiza, não havendo lugar para meu esposo sentar ao meu lado. Fui constrangidamente importunada por um Italiano. Ainda havia a barreira da lingua. Precisei acionar a comissaria, meu marido precisou intervir. E com meu marido intervindo, iniciou as atitudes xenofóbicas por parte do Italiano. Enfim pousamos e até ameças sofremos. Ao descer da aeronave, precisamos acionar a polícia local, o italiano e seus amigos fugindo pelo aeroporto, mas foram pego e levado a sala onde meu marido já prestava depoimento. Eu sendo atendida pela equipe de saúde com pressão alta e com uma crise nervosa pela situação. Após me sentir um pouco melhor, prestei meu depoímento e nos dia seguinte participamos da audiência.
Resumindo, o Italianos foi preso imediatamente e deportado por xenofobismo. Perdeu a permissão de entrada na Espanha por 6 meses e ficha suja para o resto da vida. Muito triste, ir conhecer um pouco sobre meu antepassados e sofrer tudo isso por parte de um Italiano em 2015.
Paula Esposito
Oi, Adriana! Que triste ficar sabendo desse tipo de coisa. Eu, particularmente, me sinto muito envergonhada. Bom, da vivência que eu tive e tenho lá fora:
1. em relação ao comportamento em locais públicos, lojas e restaurantes, eu tenho aqui uma dedução de viés “operacional”: usualmente, quando nota-se a presença de estrangeiros, os atendentes procuram a pessoa que eles julgam ser o “italiano” do grupo. Isso por uma questão de comunicação mesmo. Creio que você deve ter notado que na Itália não há maiores esforços em falar o Inglês. No entanto, é importante reconhecer que esse “julgamento de valor” passa sim pela cor da pele e traços do fenótipo. Talvez, você tenha sido abordada por ter traços italianos, ao passo que o seu esposo tem traços do eles chamam “moros”. Muitas foram as vezes que isso aconteceu comigo também, dentro e fora da Itália, inclusive na Espanha. Em Segóvia, um garçom se dirigiu a mim e largou no vácuo o meu amigo também brasileiro, de pele morena e que fala Espanhol. Muito esquisito essas coisas.
2. Quanto ao que você passou no seu voo para Ibiza, lamentável. Nem sei o que dizer. Repito: eu MORRO de vergonha quando ouço esse tipo de coisa. Duas amigas minhas, alemãs, estavam acampadas em Veneza, dormindo em redes (era verão). Elas foram abordadas por dois idiotas italianos bêbados que simplesmente pularam em cima das redes e as acordaram. Elas ficaram super assustadas. Como era madrugada, não tinha comissário de bordo e nem polícia, uma delas, que tem quase dois metros de altura, desceu o cacete nos dois. Rachei de rir. Bem feito! No seu caso, você fez o correto e a lei se fez cumprir. É isso que deve ser feito! Fico aliviada que você e o seu esposo tenham tido a lucidez e o pulso para fazer cumprir a lei, pois o que às vezes se vê, é o insuportável “deixar passar”. É necessário colocar essas “pessoas” no seu devido lugar: deportado e com ficha suja. É isso mesmo.
Enfim, eu ouço com certa frequência esses inconvenientes por parte dos italianos em relação a mulheres também aqui no Brasil. Já a xenofobia, já vi todo tipo de manifestação neste sentido, desde insinuações até situações bastante pesadas. Eu, da minha parte, tive a sorte não ter passado por situações propriamente ruins, mas já testemunhei muita coisa lamentável.
Por outro lado, já passei por situações magníficas, desde amizades, cooperação e empatia por parte de pessoas do mundo inteiro. E também já testemunhei situações semelhantes. Honestamente, o que eu carrego aqui como visão de mundo, é que não existem comportamentos que sejam inerentes a nacionalidades, mas, sim, o de pessoas: gente legal e gente de merda estão espalhados pelo mundo. Eu penso que quem deve colocar os pesos na balança somos nós.
Então, se te vale como sincera colocação, não julgue o país dos seus antepassados por meia dúzia de idiotas. Honre o sangue e o legado de quem te proveu uma índole magnífica.
Beijo no coração!